My thoughts


My thoughts25 Mar 2010 12:09 am

Acabei de chegar do show do B.B. King. Não sei o que a crítica argentina vai dizer amanhã, mas eu sei o que senti. Não posso falar da qualidade musical, da técnica, nem compará-lo com ninguém, simplesmente não tenho essa capacidade. Apesar de que para mim, sua banda de acompanhamento é um espetáculo! Enfim, trata-se do meu “feeling” e nada mais…

Mas, posso falar do ser humano, igual em qualquer idioma, de qualquer nacionalidade, qualquer cor, especialmente quando alcança a incrivel maturidade dos 84 anos… Posso falar do sentimento de despedida que pairava no ar. Em alguns momentos, quando ele dedilhava sua amada Lucille, parecia que o tempo parava. O fato de carregar 84 anos nas costas era totalmente irrelevante. Uma onda de satisfação era o que se sentia. Mas, ao conversar com a platéia, o que fez várias vezes, ficavam claras duas coisas: primeiro que para ele estar num palco é a coisa mais confortável e melhor do mundo e a segunda, que se tratava de uma grande despedida. Uma despedida do país, das pessoas, daquele palco, da América do Sul, desses momentos únicos vividos com milhares de pessoas como se fossem uma.

E as pessoas, além de extasiadas com a apresentação, do prazer de estar diante de um monstro do Blues, também compartilhavam essa emoção. Para mim e para muitos foi a primeira e última vez que o vimos ao vivo.

Pensar na morte, no fim, é sempre muito difícil. Encarar a despedida da vida, então, melhor nem começar. Mas como evitar se a matemática é infalível?

Passei uma noite extremamente agradável, recordando momentos, revivendo memórias de pessoas queridas, eventos importantes da minha vida que tiveram o bom acompanhamento do rei do Blues. Mudança de cidade, mudança de vida e, agora, despedida. Vai ser uma recordação para sempre. Mais uma marca nessa minha passagem pelo sul da América do Sul. Vai ser bom repetir as músicas ouvidas, vai ser muito bom lembrar que, apesar da despedida, ele me fez muito feliz. “It was fun, while it was fun…”

My thoughts12 Mar 2010 04:40 pm

É interessante ler a opinião de brasileiros sobre a Argentina. E também é impossível não cair nos clichés.

O primeiro deles é “só vivendo pra crer”. Digo isso do “alto” da minha experiência de 1 ano vivendo em Buenos Aires. De turistas brasileiros encantados com o câmbio a brasileiros que nunca tiveram o menor interesse em saber o que se passa por aqui, existe um grande abismo de informação. É uma pena!

Reduzir a relação entre Brasil e Argentina à famosa rivalidade futbolística é uma das grandes demonstrações de desconhecimento da realidade dos “vizinhos” do Brasil. E, como se não bastasse, os brasileiros estão se “mordendo de inveja” pela conquista do Oscar pelos “eternos rivais”.

Eu, como residente desta cidade de contrastes e surpresas, passei pela cerimônia e entrega do prêmio como a maioria dos argentinos: ficamos felizes, muito felizes e ponto. O que é difícil, talvez, de entender para um brasileiro ufanista-festeiro-invejoso…Nosso dia-a-dia é repleto de momentos complicados. São paralizações, manifestações, crise política interna, índices de inflação fictícios, aumento do preço da carne (da carne!!!), aumento de preços em geral, falta de confiança nas instituições políticas e jurídicas, aumento da violência, calor, chuva, inundação e, acima de tudo, bem acima de tudo, o terrível pesadelo argentino de se sentir sempre enganado por sua própria gente.

E por que isso? E daí? Daí que aqui ninguém está preocupado se o Brasil fez isso ou aquilo, se um filme brasileiro foi indicado ou não ao Oscar, se a Argentina vai ganhar a Copa do Mundo ou não. Aliás, ninguém aqui acredita na seleção do Maradona. O que o Argentino vê do Brasil é um país de alegria, de gente bonita, acolhedora, simpática, que sempre cresceu e continua crescendo. Um país de economia sólida, de planos de governo sérios, de políticos comprometidos. Um país de praias maravilhosas, de clima perfeito, de pessoas amáveis, de excelente astral, de grandeza e, por que não, de poder.

O sonho de muitos argentinos é morar no Brasil! A pergunta que mais escuto é: o que você veio fazer aqui??? Você tem algum problema…E posso dizer com muita segurança que eles adoram o Brasil, pois uma das coisas que mais faço aqui é dar aulas de português para argentinos entorpecidos pela beleza e magnitude do Brasil e sua gente. Alguém por acaso conhece outro lugar do mundo onde se possa levar uma vida digna ganhando dinheiro com aulas de português?????

Pra não dizer que não existe nem um pouquinho de rivalidade no futebol, eles fazem alguns comentários sim. Como por exemplo dizer, humildemente, que o Brasil já ganhou 5 Copas e que bem poderia deixar uma para eles. Mas que, infelizmente, eles entendem. O Brasil sempre joga melhor! Eles aceitam tranquilamente esse fato esportivo.

Quem está aí pensando “puxa, a Argentina ganhou o Oscar, tá melhor que nós”, podia dar um pulinho aqui. Aproveitar o câmbio e fazer um pouco de turismo cultural/político (e não passar todo tempo passeando e comprando tudo que encontra pela frente na Calle Florida). Talvez vendo e vivendo um pouco, possa entender que a Argentina, além de ser um país realmente grande (8o. maior país do mundo e 2o. da América Latina – perde para o Brasil) é parte de uma grande comunidade, da comunidade latina, de quem fala espanhol. Que aqui as pessoas se importam com o terremoto e a situação do Chile (e olha que de fato existe rivalidade histórica com o Chile, por ter apoiado a Inglaterra na Guerra das Malvinas!). Quem sabe até se anima a aprender espanhol para conversar de igual para igual com “los hermanos” e, quem sabe, já que “Deus é brasileiro”, pára com esse pensamento mesquinho de competição ridícula e valoriza um pouco mais as relações com os povos que estão tão próximos do nosso país (incluo todos países que fazem fronteira com o Brasil) . Tenho certeza de que a maioria das pessoas, além de levar um susto enorme, ficaria maravilhada em ver que o Brasil é tido como modelo de país em desenvolvimento!

Mas, se preferirem ficar por aí mesmo e continuar com dor de cotovelo, posso ajudar a aumentá-la: aqui não é só o cinema nacional que é valorizado, todas as artes têm espaço. Artes plásticas, literatura, dança, arquitetura, música, teatro…respira-se cultura em cada esquina do Centro (e outras partes da cidade também). E, pra completar, se não é gratuito, é acessível. Disso, o brasileiro deveria morrer de vergonha e não de inveja.

My thoughts and Uncategorized19 Feb 2010 11:12 pm

Está somente em nossa mente…que certas coisas são inconcebíveis.

Nesse mar plástico e indecifrável se vão formando ondas de pensamentos que ao se chocar com a realidade caem ao solo, destroçados. Pequenos fragmentos de uma grande e abrangente verdade que se veem estalar, explodir, transformar-se me pó, tão pouco. Tão de repente são tão insignificantes.

A cada movimento, como a maré, pensamentos vão e vêm. Transbordam e se esvaem. Inflam e desinflam. São como organismos independentes, parecem se manifestar com vontade própria. Não parecem ter ponto de partida, simplesmente surgem, exercem seu papel reflexivo, defensivo, ofensivo ou o que seja, até que se chocam com a realidade. Mais destroços, estilhaços mentais que se acumulam no solo da alma, forram dores e alegrias, imprimem suas marcas em um corpo cansado de pensar. Organizando-se, seguem armando seu complô, seu golpe fatal que insiste em nunca chegar.

E quando o inconcebível acontece, é maré alta, enchente, dilúvio. É o transbordar dos sentidos e nada mais faz sentido neste infinito de idéias. O inconcebível arrasta os troncos, arranca as folhas, desnuda e fere corpo e a alma. Deixa tudo em carne viva, prova que ainda há vida e ainda há carne. Demonstra sem possibilidade de contestação a condição infinitamente frágil e desprotegida do ser.

Quando o inconcebível acontece, a verdade que era tão certa, desaparece. Quando o inconcebível acontece, morre-se e mata-se. Quando o inconcebível acontece, incita ao afogamento, ao desalento, ao desencanto. Quando o inconcebível realmente acontece, nem se discute esperança, é inútil. Quando o inconcebível de fato acontece, não sei o caminho, não sei se há saída, não sei se há solução, retorno, esquecimento.

Quando o inconcebível realmente aconteceu, fingi que a vida não tinha mudado. Que as verdades ainda eram as mesmas. Mas os estilhaços me machucam os pés e o sangue que insiste em brotar das feridas não me deixa dormir. Porque o inconcebível é sempre maior que as verdades que guardei.

My thoughts21 Jan 2009 03:18 pm

Descobri que sou um LP. Bom, com a idade que tenho, os conheci bem e sei como funcionam…

 

Os LPs têm lado A e lado B, assim como eu tenho dois lados. Um, responsável, trabalhador, comprometido, preocupado. O outro quer viajar, é aventureiro, impulsivo, criativo, exagerado. Mas os dois se completam para formar um álbum.

 

Um LP tem muitas faixas, algumas tristes, outras mais alegres, algumas inquietantes e surpreendentes. Às vezes repetimos a mesma faixa mais de 10 vezes e ainda assim não nos cansamos de escutá-la. Outras são somente para dançar e se divertir.

 

Uma música marcou uma época, outra jamais é tocada, caso em que é preciso ter o trabalho de se levantar e mudar a agulha de posição. Às vezes uma faixa apenas se torna um grande hit, parada de sucesso por semanas! Às vezes o LP como um todo é um grande sucesso, fica para história, será lembrado por anos e anos. Mas, se o trabalho não for bem feito, o LP será um fracasso de crítica, cairá no esquecimento e só será encontrado em velhos sebos a preço de balaio.

 

O LP exige cuidado, pois seu material é sensível a arranhões. Alguns deles jamais serão apagados e farão com que determinada música fique permanentemente prejudicada, relembrando o momento de descuido, raiva ou descontrole. O LP exige limpeza especial, carinho ao ser tocado; mãos gordurosas deixarão marcas. Mãos inábeis poderão deixá-lo cair.

 

É preciso guardar o LP com cuidado, em sua embalagem correta, preferencialmente a original. Sua capa conta boa parte de sua história. Quem já não comprou um LP apenas pela beleza da arte gráfica, pura estética e então se surpreendeu com o conteúdo?

 

O LP pode se quebrar. E não é fácil remendá-lo. O LP de sucesso fica na lembrança, pode ser relançado em CD; nova roupagem de uma velha criação.

 

Entretanto, um dia o LP vai desaparecer…

 

 

My thoughts08 Jan 2009 09:39 am

Um dia me faltou o chão…

Pensei que não conseguiria caminhar da sala ao banheiro,  ou do quarto à cozinha. Deixei-me escorregar do sofá e chorar no chão, com a cabeça protegida, como se pudesse esconder de mim mesma as lágrimas que não cessavam em cair.

Um dia o chão voltou a estar debaixo de meus pés…

Já não estranhava os espaços vazios, aproveitava-os. Fiz as malas e empacotei os desagrados. Organizei os arquivos da mente e do computador. Revisei as músicas, os textos, os livros. Chorei de novo, mas não escondi a cabeça. Acendi uma vela e apaguei as luzes. Apaguei a vela e observei as estrelas. Vi uma estrela cadente e fiz um pedido.

Chamei os amigos, recebi beijos, abraços e carinhos. Desfrutei novos sabores e aromas, descobri recantos do meu corpo e da minha alma ainda intocados. Ri e chorei de novo…

Caminho com a cabeça erguida e um sorriso nos lábios. Nos olhos um fundo de dor que marca quem sou. Mas seja durante os dias de sol ou de chuva, tenho sob meus pés a solidez do caminho que decidi trilhar.

 

My thoughts and Uncategorized10 Dec 2008 11:00 am

A idéia de ter um blog como este não é ter um diário. No entanto, o que são nossos relatos senão reflexos do que vivemos?

Às vezes pode ser difícil separar as experiências do cotidiano daquilo que nos atrai enquanto leitores. Por um lado podemos tentar escapar da realidade através da leitura e esquecer, ainda que momentaneamente, os acontecimentos ao nosso redor  e que tanto nos perturbam. Por outro lado, gosto de usar minhas leituras para entender determinadas situações.    

Ao travar contato com o outro acabamos por entrar em contato com as mais diversas emoções e sentimentos. Por vezes, nos deixamos influenciar pelo que o outro despeja em nossos braços. Somente após respirar fundo algumas vezes e se retirar para uma pausa reflexiva, entendemos que não se trata de um problema nosso, mas do outro.

Nesse momento minha estratégia é refugiar-me em alguma leitura e aproveitar a chance que o outro me dá de analisar e, com sorte, entender, um pouquinho mais, outra faceta humana.

Por esta razão, saí em busca de algo que pudesse me confortar ou dar espaço à minha ira de forma construtiva ao me deparar com demonstrações explícitas de inveja e, por conseqüência, mesquinharia. Não sei qual dos dois sentimentos me é mais repulsivo. Quanto à inveja, esta pode ser “benigna”, quando se trata de uma inveja relacionada à admiração do outro. Mas a inveja que somente busca destruir e, como mencionei, leva ao caminho da mesquinharia, ah, esta é imperdoável.

Kant veio ao meu socorro. Ou, pelo menos, trouxe em suas palavras um pouco de esclarecimento para esse sentimento tão infeliz:

“Envy is a propensity to view the well-being of others with distress, even though it does not detract from one’s own. [It is] a reluctance to see our own well-being overshadowed by another’s because the standard we use to see how well off we are is not the intrinsic worth of our own well-being but how it compares with that of others. [Envy] aims, at least in terms of one’s wishes, at destroying others’ good fortune. (Kant, The Metaphysics of Morals 6:459)

 

Envy is that passion which views with malignant dislike the superiority of those who are really entitled to all the superiority they possess. (Kant, The Theory of Moral Sentiments, p. 244)”

Além de Kant, Sir Francis Bacon escreveu sobre a inveja em seu ensaio – “Essays of Francis Bacon”, no capítulo “Of Envy”.

“A man that hath no virtue in himself, ever envieth virtue in others. For men’s minds, will either feed upon their own good, or upon others’ evil; and who wanteth the one, will prey upon the other; and who is out of hope, to attain to another’s virtue, will seek to come at even hand, by depressing another’s fortune.”

 

Enfim, estou enfrentando o monstro de olhos verdes e seus atos mesquinhos. Posso não ter as melhores armas e muito menos os mesmos artifícios dos invejosos, ainda bem! Mas, certamente, saio dessa briga sabendo que o perdedor não está digitando essas linhas e sim aquele que poderá lê-las, mas jamais terá a capacidade de compreendê-las.

My thoughts29 Nov 2008 09:07 am

That may not be the most appropriate song for a sunny Saturday morning, but sometimes we just remember how things really are…

No matter how blue the sky is, how sunny or beautiful the day is, there’s a bit of melancoly permeating our beings..

In A Manner Of Speaking
Nouvelle Vague feat. Camille

In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing

In a manner of speaking
I don’t understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that I feel about you
Is beyond words

Give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Give me the words
Give me the words
That tell me everything

In a manner of speaking
Semantics won’t do
In this life that we live we only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrificed

So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing.

Give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Give me the words
Give me the words
That tell me everything

Give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Give me the words
Give me the words
That tell me everything
 

 

My thoughts24 Nov 2008 08:00 pm

Dizer adeus, despedir-se, deixar para trás, desapegar-se, reinventar-se…São tantos verbos e, na maioria, reflexivos…Pois o momento é assim, reflexivo…

Dói dizer adeus, angustia imaginar o futuro incerto, palpita o coração pelo que se encontrará. A cada dia, a proximidade das incertezas aumenta, o conforto, aos poucos, cede lugar à inquietação. A mente não se deixa descansar. Os olhos se perdem no horizonte e as palavras começam a desaparecer, insistem em repetir o que já foi dito como forma de reafirmação.

Preciso aceitar a decisão que desenhei e desejei. Preciso acomodar o vazio em meu peito, o espaço que ainda será preenchido, não sei quando. No quartinho da memória vão se empilhando meus tesouros, mas ficarão obscurecidos pelo eclipse dessa noite, até amanhã.

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