My thoughts and Uncategorized10 Dec 2008 11:00 am

A idéia de ter um blog como este não é ter um diário. No entanto, o que são nossos relatos senão reflexos do que vivemos?

Às vezes pode ser difícil separar as experiências do cotidiano daquilo que nos atrai enquanto leitores. Por um lado podemos tentar escapar da realidade através da leitura e esquecer, ainda que momentaneamente, os acontecimentos ao nosso redor  e que tanto nos perturbam. Por outro lado, gosto de usar minhas leituras para entender determinadas situações.    

Ao travar contato com o outro acabamos por entrar em contato com as mais diversas emoções e sentimentos. Por vezes, nos deixamos influenciar pelo que o outro despeja em nossos braços. Somente após respirar fundo algumas vezes e se retirar para uma pausa reflexiva, entendemos que não se trata de um problema nosso, mas do outro.

Nesse momento minha estratégia é refugiar-me em alguma leitura e aproveitar a chance que o outro me dá de analisar e, com sorte, entender, um pouquinho mais, outra faceta humana.

Por esta razão, saí em busca de algo que pudesse me confortar ou dar espaço à minha ira de forma construtiva ao me deparar com demonstrações explícitas de inveja e, por conseqüência, mesquinharia. Não sei qual dos dois sentimentos me é mais repulsivo. Quanto à inveja, esta pode ser “benigna”, quando se trata de uma inveja relacionada à admiração do outro. Mas a inveja que somente busca destruir e, como mencionei, leva ao caminho da mesquinharia, ah, esta é imperdoável.

Kant veio ao meu socorro. Ou, pelo menos, trouxe em suas palavras um pouco de esclarecimento para esse sentimento tão infeliz:

“Envy is a propensity to view the well-being of others with distress, even though it does not detract from one’s own. [It is] a reluctance to see our own well-being overshadowed by another’s because the standard we use to see how well off we are is not the intrinsic worth of our own well-being but how it compares with that of others. [Envy] aims, at least in terms of one’s wishes, at destroying others’ good fortune. (Kant, The Metaphysics of Morals 6:459)

 

Envy is that passion which views with malignant dislike the superiority of those who are really entitled to all the superiority they possess. (Kant, The Theory of Moral Sentiments, p. 244)”

Além de Kant, Sir Francis Bacon escreveu sobre a inveja em seu ensaio – “Essays of Francis Bacon”, no capítulo “Of Envy”.

“A man that hath no virtue in himself, ever envieth virtue in others. For men’s minds, will either feed upon their own good, or upon others’ evil; and who wanteth the one, will prey upon the other; and who is out of hope, to attain to another’s virtue, will seek to come at even hand, by depressing another’s fortune.”

 

Enfim, estou enfrentando o monstro de olhos verdes e seus atos mesquinhos. Posso não ter as melhores armas e muito menos os mesmos artifícios dos invejosos, ainda bem! Mas, certamente, saio dessa briga sabendo que o perdedor não está digitando essas linhas e sim aquele que poderá lê-las, mas jamais terá a capacidade de compreendê-las.

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