Poems18 Jan 2009 11:17 am

A partida é certa, mas o coração e a mente insistem em tremer diante do inevitável desconhecido. Claro, quem não sofreria pela incerteza e beleza do desconhecido? E se realmente as coisas aconteceram como planejamos? E se formos felizes de doer? Enfim, para mim a dúvida é constante, os pensamentos em efervecência insistem em ocupar a mente e sinto a necessidade de deixá-los se acalmar lentamente, com a feliz ajuda dos amigos queridos…

Entre ir ou ficar

Pode ser difícil optar

Mas talvez melhor seja ir

Indo, conhece-se o de lá

Indo, pode-se até voltar

Gilberto Melo

Trips and impressions10 Jan 2009 08:29 pm

 

Devo confessar que minhas visitas a Belo Horizonte devem-se, em primeiro lugar, ao fato de que algumas das pessoas mais queridas em minha vida vivem na cidade. Isto já é o suficiente para passar um tempo em BH.

No entanto, é sempre bom quando surgem aspectos novos e surpreendentes da cidade que me fazem refletir sobre a vida e outras coisas…

Uma dessas surpresas é o Inhotim – Museu de Arte Contemporânea, na cidade de Brumadinho, há cerca de 60 km de BH. É difícil descrever como foi boa a idéia, o planejamento, a execução e, mais ainda, a manutenção do projeto.

A primeira coisa que se nota ao chegar é o cuidado com o atendimento, a forma como somos saudados na entrada e como nos fazem chegar ao estacionamento e, por fim, à recepção. Nesse meio tempo, já começamos a nos maravilhar com os jardins. Para mim, na verdade, sem desmerecer em nenhum momento as obras de arte expostas nas galerias e ao ar livre, o que mais me encanta são os jardins. Alguns deles foram projetados por Burle Marx e como diz o folheto de apresentação, trata-se de uma das maiores coleções botânicas do mundo.

Bom, daí é só se entregar às trilhas que surgem ao caminhar. Há um mapa, mas podemos esquecê-lo tranquilamente…Ao seguir o caminho das pedras que entremeiam os jardins vamos nos deparar inevitavelmente com uma galeria ou outra. Os caminhos são, ainda, adornados com lagos, plantas exuberantes e obras de arte ao ar livre. Uma borboleta azul nos acompanha em determinado momento. Em outro, acompanhamos dois cisnes negros e seus filhotinhos em um de seus primeiros passeios pelo lago.

O calor intenso é aplacado com pausas em pequenos recantos sombreados por belas árvores e folhagens, além de irresistíveis espreguiçadeiras, notáveis bancos e mesas de madeira cujo design se mescla ao projeto paisagístico. São momentos de conversas soltas, troca de impressões, contemplação e frescor em meio ao despertar dos sentidos a que cada obra vista nos remete.

Enfim, são cores, sons, toques, além de sabores em um restaurante impecável. Reservamos um dia inteiro para este passeio e nos sentimos recompensados ao fim dele. Exercitamos nossa percepção, nosso olhar para o belo e harmonioso e, às vezes, inquietante. Permitimo-nos experimentar através da visão novas formas de representar o mundo apresentadas por diferentes artistas. Deixamos prá traz o julgamento das formas limitantes e simplesmente deixamos que o dia se tornasse especialmente memorável.

My thoughts08 Jan 2009 09:39 am

Um dia me faltou o chão…

Pensei que não conseguiria caminhar da sala ao banheiro,  ou do quarto à cozinha. Deixei-me escorregar do sofá e chorar no chão, com a cabeça protegida, como se pudesse esconder de mim mesma as lágrimas que não cessavam em cair.

Um dia o chão voltou a estar debaixo de meus pés…

Já não estranhava os espaços vazios, aproveitava-os. Fiz as malas e empacotei os desagrados. Organizei os arquivos da mente e do computador. Revisei as músicas, os textos, os livros. Chorei de novo, mas não escondi a cabeça. Acendi uma vela e apaguei as luzes. Apaguei a vela e observei as estrelas. Vi uma estrela cadente e fiz um pedido.

Chamei os amigos, recebi beijos, abraços e carinhos. Desfrutei novos sabores e aromas, descobri recantos do meu corpo e da minha alma ainda intocados. Ri e chorei de novo…

Caminho com a cabeça erguida e um sorriso nos lábios. Nos olhos um fundo de dor que marca quem sou. Mas seja durante os dias de sol ou de chuva, tenho sob meus pés a solidez do caminho que decidi trilhar.

 

Uncategorized26 Dec 2008 09:39 am

Nunca tive muito medo de compartilhar minhas alegrias e tristezas. Certamente é por isso que me atraiu a idéia de jogar no espaço virtual minhas idéias, como agora.

Com essa prática aprendi e aprendo valiosas lições. Uma, nem sempre é bom falar tudo que se pensa. Dois, na maioria das vezes, as pessoas não me entendem. Três, existem pessoas que poderão e irão usar suas palavras contra você. Mas, a quarta lição compensa as demais. Recebo continuamente presentes maravilhosos, amigos féis (poucos, claro!) e sensações indescritíveis de alegria ao sentir o carinho de quem quer o meu bem.

Hoje, no ritmo das mudanças e embalando meu coração mareado de saudade e dúvida, minha querida amiga Jú deu o tom de aconchego que me faz tão bem. Ela foi demais ao mandar de presente nada menos que Fernando Pessoa. E, acreditando ainda mais no poder da quarta lição, compartilho este tesouro, que tenho certeza vai trazer somente coisas boas…

“Navegue, descubra tesouros,mas não os tire do fundo do mar,o lugar deles é lá.

Admire a lua, sonhe com ela, mas não queira trazê-la para a terra.


Curta o sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o seu calor é para todos.

Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu.


Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde.

Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos, não pode molhar só o seu.

As lágrimas?

Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces.

O sorriso!

Esse você deve segurar, não o deixe ir embora, agarre-o!


Quem você ama?

Guarde dentro de um porta-jóias, tranque, perca a chave!

Quem você ama é a maior jóia que você possui, a mais valiosa.


Não importa se a estação do ano muda, se o século vira, se o milênio é outro, se a idade aumenta…

Conserve a vontade de viver, não se chega à parte alguma sem ela.


Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.

Persiga um sonho, mas não o deixe viver sozinho.

Alimente sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.

Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas.


Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for.

Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.

Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.

Olhe para o lado, alguém precisa de você.


Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.

Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.

Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo também.

Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.


Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!

Não se acostume com o que não a faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.

Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.


Se achar que precisa voltar VOLTE!

Se perceber que deve seguir SIGA!

Se estiver tudo errado COMECE NOVAMENTE.

Se estiver tudo certo CONTINUE.

Se sentir saudades MATE-A.

Se perder um amor NÃO SE PERCA!

Se achá-lo SEGURE-O!


Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.

“O MAIS É NADA”.

Seja Feliz”
My thoughts and Uncategorized10 Dec 2008 11:00 am

A idéia de ter um blog como este não é ter um diário. No entanto, o que são nossos relatos senão reflexos do que vivemos?

Às vezes pode ser difícil separar as experiências do cotidiano daquilo que nos atrai enquanto leitores. Por um lado podemos tentar escapar da realidade através da leitura e esquecer, ainda que momentaneamente, os acontecimentos ao nosso redor  e que tanto nos perturbam. Por outro lado, gosto de usar minhas leituras para entender determinadas situações.    

Ao travar contato com o outro acabamos por entrar em contato com as mais diversas emoções e sentimentos. Por vezes, nos deixamos influenciar pelo que o outro despeja em nossos braços. Somente após respirar fundo algumas vezes e se retirar para uma pausa reflexiva, entendemos que não se trata de um problema nosso, mas do outro.

Nesse momento minha estratégia é refugiar-me em alguma leitura e aproveitar a chance que o outro me dá de analisar e, com sorte, entender, um pouquinho mais, outra faceta humana.

Por esta razão, saí em busca de algo que pudesse me confortar ou dar espaço à minha ira de forma construtiva ao me deparar com demonstrações explícitas de inveja e, por conseqüência, mesquinharia. Não sei qual dos dois sentimentos me é mais repulsivo. Quanto à inveja, esta pode ser “benigna”, quando se trata de uma inveja relacionada à admiração do outro. Mas a inveja que somente busca destruir e, como mencionei, leva ao caminho da mesquinharia, ah, esta é imperdoável.

Kant veio ao meu socorro. Ou, pelo menos, trouxe em suas palavras um pouco de esclarecimento para esse sentimento tão infeliz:

“Envy is a propensity to view the well-being of others with distress, even though it does not detract from one’s own. [It is] a reluctance to see our own well-being overshadowed by another’s because the standard we use to see how well off we are is not the intrinsic worth of our own well-being but how it compares with that of others. [Envy] aims, at least in terms of one’s wishes, at destroying others’ good fortune. (Kant, The Metaphysics of Morals 6:459)

 

Envy is that passion which views with malignant dislike the superiority of those who are really entitled to all the superiority they possess. (Kant, The Theory of Moral Sentiments, p. 244)”

Além de Kant, Sir Francis Bacon escreveu sobre a inveja em seu ensaio – “Essays of Francis Bacon”, no capítulo “Of Envy”.

“A man that hath no virtue in himself, ever envieth virtue in others. For men’s minds, will either feed upon their own good, or upon others’ evil; and who wanteth the one, will prey upon the other; and who is out of hope, to attain to another’s virtue, will seek to come at even hand, by depressing another’s fortune.”

 

Enfim, estou enfrentando o monstro de olhos verdes e seus atos mesquinhos. Posso não ter as melhores armas e muito menos os mesmos artifícios dos invejosos, ainda bem! Mas, certamente, saio dessa briga sabendo que o perdedor não está digitando essas linhas e sim aquele que poderá lê-las, mas jamais terá a capacidade de compreendê-las.

Uncategorized09 Dec 2008 12:53 pm

Ler é parte essencial da minha vida. Contato com os livros, com as palavras, idéias, mundos diversos, teorias, visões divergentes sobre um mesmo ângulo. Sonho, fantasia e realidade que se misturam colorindo o árido dia-a-dia.

O papel dos livros e suas lições em minha vida jamais poderão ser esquecidos. Companheiros de noites insones ou causadores de insônia…Incomodam e provocam em determinados momentos, em outros, são conforto e libertação.

Uma das últimas definições que li sobre literatura é muito simples e, ao mesmo tempo, tão completa: “(…) literature is the art that expresses in words that appeal to our senses of the beautiful”. Há que se considerar, apenas, que a literatura pode ser somente um registro escrito, mas o artista, este sim, transformará a palavra em arte, expressão de beleza e a imortalizará.

Assim, rendo homenagem a um autor que todos já ouviram falar, mas acredito que poucos tenham, de fato, mergulhado em sua obra: Franz Kafka e “Metamorphosis”. Pena que não sei alemão… Mas a leitura em inglês ajudou. Não é à toa que se trata de texto imortal. É ler para crer… Não tenho a menor intenção de fazer uma análise crítica de Kafka, não tenho o menor direito. Só sei que se trata de mais uma daquelas leituras que jamais se apagará da memória. Ficará o incômodo e a perplexidade sobre a genialidade de alguns seres humanos. Rendo-me completamente a essa admiração e reafirmo as palavras do autor que diz que existem muitos escritores, mas nem todos são, realmente, artistas.

My thoughts29 Nov 2008 09:07 am

That may not be the most appropriate song for a sunny Saturday morning, but sometimes we just remember how things really are…

No matter how blue the sky is, how sunny or beautiful the day is, there’s a bit of melancoly permeating our beings..

In A Manner Of Speaking
Nouvelle Vague feat. Camille

In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing

In a manner of speaking
I don’t understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that I feel about you
Is beyond words

Give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Give me the words
Give me the words
That tell me everything

In a manner of speaking
Semantics won’t do
In this life that we live we only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrificed

So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing.

Give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Give me the words
Give me the words
That tell me everything

Give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Give me the words
Give me the words
That tell me everything
 

 

Teaching26 Nov 2008 08:14 pm

There’s this book I got from a student and it was a great present. Not only have I used it in some of my classes, for both discussions and writing activities, but also for my own personal reading pleasure.

 

The book is called “Changes – Readings for Writers”, by Jean Withrow, Gay Brooks, and Martha Clark Cummings, and the publishing house is Cambridge University Press.

 

The idea is to make the future writer/actual student reflect upon different matters and exercise his/her speaking and writing skills with the help of some given texts. There are different topics for discussion and writing. As it says in its introduction: “(…) The book helps ESL students develop all language skills, especially reading and writing, through reading and responding to selections in writing and through talking with their peers. This process leads to more writing, which students then share with their peers and instructor”

 

So, the first lesson brings an extract that I find especially revealing and interesting. I’d like to share it with you:

 

“WHEN ONE DOOR OPENS

Helen Nearing

            Helen Nearing wrote these words after her husband of fifty-three years       old died. At that point in her life, she chose to live alone and to write       about their life together. She and Scott Nearing had been devoted to     homesteading, peace, and social justice. They considered it “the good life.”

 

When one door closes, another opens…into another room, another space, other happenings. There are many doors to open and close in our lives. Some doors we leave ajar, where we hope and plan to return. Some doors are slammed shut decisively – “No more of that!” – Some are closed regretfully, softly – “It was good, but it is over.” Departures entail arrivals somewhere else. Closing a door, leaving is behind, means opening onto new vistas and ventures, new possibilities, new incentives.”

Uncategorized25 Nov 2008 07:07 pm

Mafalda está en el subte de Buenos Aires!

Foi inaugurado um grande mural, com 400 azulejos, no metrô de Buenos Aires em homenagem à Mafalda. Essa menininha inquieta e irresistível com quem partilhei boa parte da minha infância, lendo as tirinhas que ilustravam a enciclopédia sobre educação e saúde infantil que meus pais tinham! Essa precoce criança já palpitava sobre o mundo desde muito tempo atrás e chegou a colocá-lo de cama por achar que estava doente! Ela e seus amiguinhos questionavam (questionam?) o mundo e como as coisas são…

O mural mede mais de 15 metros de largura por 1,5m de altura. Nele, Mafalda compara a calma do seu globo terrestre com o estado calamitoso do mundo atual.

 

Enfim, não dá prá resistir…Vejam as notícias: http://www.revistaenie.clarin.com/notas/2008/11/20/_-01806871.htm

http://www.viarosario.com/espectaculos/noticias/mafalda-llego-al-subte-de-la-mano-de-quino.html

Gracias Quino!

My thoughts24 Nov 2008 08:00 pm

Dizer adeus, despedir-se, deixar para trás, desapegar-se, reinventar-se…São tantos verbos e, na maioria, reflexivos…Pois o momento é assim, reflexivo…

Dói dizer adeus, angustia imaginar o futuro incerto, palpita o coração pelo que se encontrará. A cada dia, a proximidade das incertezas aumenta, o conforto, aos poucos, cede lugar à inquietação. A mente não se deixa descansar. Os olhos se perdem no horizonte e as palavras começam a desaparecer, insistem em repetir o que já foi dito como forma de reafirmação.

Preciso aceitar a decisão que desenhei e desejei. Preciso acomodar o vazio em meu peito, o espaço que ainda será preenchido, não sei quando. No quartinho da memória vão se empilhando meus tesouros, mas ficarão obscurecidos pelo eclipse dessa noite, até amanhã.

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