Uncategorized12 Aug 2011 12:14 pm

Eis que em meio a um dilúvio e pedras de granizo me animo a escrever. Entendam que não se trata de descaso e nem falta de responsabilidade, apenas uma fase de desentendimento com o uso da tecnolgia.

Mas como dizia, hoje Buenos Aires não amanheceu. Ou melhor, tenta, vai e vem, parece que fica e volta. As nuvens insistem em cobrir o sol brilhante e frio do inverno. Não dá para reclamar das temperaturas invernais desse ano, mas acordar numa sexta-feira e pensar em enfrentar a água, a neblina, os trovões lá fora, hmmm, a grande vantagem de ser dono do seu próprio nariz na hora do trabalho é essa. Posso dizer: hoje não chego, desculpem. E os alunos desculpam! São adoráveis, apesar de que sei que nesse momento eles se lembrarão de mim com uma pontinha de inveja…

Mas divagações climáticas a parte, tudo anda bem como pode andar aqui no sul. Agosto chega e me faz lembrar do ditado/rima popular: agosto é mês de desgosto.

Ouvi dizer que é culpa dos portugueses, que trouxeram essa idea na mala. As portuguesas não se casavam em agosto pois era o mês em que os homens saíam em suas expedições, desbravando mundos e conquistando novas paragens. É que elas se casassem nessa época ficariam sem lua-de-mel e, possivelmente, sem marido. Não dá para negar que ficar sem lua-de-mel deve ser a maior chatice. Sem marido por uns tempos, já é questionável. Especialmente quando eles tinham o cuidado de voltar cheios de sedas, especiarias, tintas e outros mimos. Assim a gente até entende.

 

Mas meu entendimento do mês de desgosto vai muito mais além da superstição plantada pelos luzitanos nas paragens verdejantes do Brasil. Infelizmente não posso evitar as más recordações que agosto me tráz. E cada dia mais aceito que tentar esquecer é impossível e parece apenas ressaltar a cor e a dor dessa época. Então, já que chove e me permite algumas horas de ócio criativo, também vou me permitir lembrar, adorar algumas passagens da memória, atesourar pessoas que já não estão e deixar que o céu se escureça, que os trovões façam barulho lá fora, enquanto aqui dentro, a passagem do tempo vai levando, assim como a chuva, as lágrimas que não tentarei deter.

 

E que agosto passe logo!

 

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