Um dia me faltou o chão…
Pensei que não conseguiria caminhar da sala ao banheiro,  ou do quarto à cozinha. Deixei-me escorregar do sofá e chorar no chão, com a cabeça protegida, como se pudesse esconder de mim mesma as lágrimas que não cessavam em cair.
Um dia o chão voltou a estar debaixo de meus pés…
Já não estranhava os espaços vazios, aproveitava-os. Fiz as malas e empacotei os desagrados. Organizei os arquivos da mente e do computador. Revisei as músicas, os textos, os livros. Chorei de novo, mas não escondi a cabeça. Acendi uma vela e apaguei as luzes. Apaguei a vela e observei as estrelas. Vi uma estrela cadente e fiz um pedido.
Chamei os amigos, recebi beijos, abraços e carinhos. Desfrutei novos sabores e aromas, descobri recantos do meu corpo e da minha alma ainda intocados. Ri e chorei de novo…
Caminho com a cabeça erguida e um sorriso nos lábios. Nos olhos um fundo de dor que marca quem sou. Mas seja durante os dias de sol ou de chuva, tenho sob meus pés a solidez do caminho que decidi trilhar.
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