My thoughts05 May 2010 12:08 am

Porque o passado não passa. Parece que foi há muitas e muitas décadas. Um amontoado de acontecimentos e dores vão dificultando a visão e às vezes até parece que as coisas nem aconteceram. A idade vai se assomando. A maturidade exige postura e se tenta atender às demandas da vida adulta. Novos amigos, um grande amor, um casamento e tudo parece que vai durar para sempre.

Um dia, o casamento acabada, o amor se vai, amores muito mais profundos nos deixam estupidamente, num acidente…Muda-se de país, de idioma, de amigos, de “aires”. A memória é seletiva, parcialmente “deleta” dados. Há um excesso de informação que parece prejudicar a manutenção dos arquivos. Buscam-se novos prazeres, novos tons, texturas e temperaturas. Elimina-se o contato com a memória e saudade é palavra para ser apenas explicada, ensinada, deixa de ser sentimento. Mas o passado não passa. O beija-flor tatutado no braço continua lá. A pele, o músculo, a visão, todos os sentidos têm memória.

Dei voltas e voltas. Abandonei e fui abandonada, me perdi para voltar a me encontrar nas coisas mais básicas. Nas unhas roídas, nas noites insones, na rocha dura de uma montanha, na foto do pôr-do-sol que vivi tantas vezes. Na busca do risco, no esforço do corpo, no cansaço do trabalho, na música que havia apagado, nos nomes que havia esquecido. É preciso percorrer muitos quilômetros para chegar ao mesmo lugar, para se deparar com o inevitável.

Quando pensei que havia vazio, descubri imensidão de experiências. Quando pensei que era tempo de recolhimento, o passado reapareceu. Uma porta que se reabre, um nó que se reata, um impulso mais forte que a razão. O que quero hoje é simplesmente o que aprendi a amar no passado. Parei de lutar contra mim mesma, me entrego ao que sou. O beija-flor continua tatuado.

My thoughts01 May 2010 11:53 pm

E isso que eu não gosto de clichês, mas sempre caio neles e nos mesmos erros. Freud deve explicar minha negação…Enfim, a vida de estrangeira é sempre muito agitada. Em primeiro lugar está a sobrevivência, uma questão básica. Comer, vestir-se, ter um teto. São questões predominantes na vida de qualquer estrangeiro que está fazendo sua vida no exterior, especialmente nos primeiros anos, e sabe que não pode simplesmente pegar um avião e voltar para casa da mamãe.

Mas a gente também quer “diversão e arte”, como diziam os queridos Titãs. Não é possível ficar só no cotidiano e na pressão: trabalho-casa, casa-trabalho. Porém, diversão tem seus riscos quando se trata de uma cultura diferente. E a Argentina pode te enganar, e muito! Aqui, não sei se é devido à conhecida paranóia de todos, com relação a tudo, é uma arte conseguir ter um momento de distração tranquilo, sem ficar pensando se se está quebrando alguma regra social. Faço minha “mea-culpa” no sentido de que penso demais, ok, “my mistake”. Mas essa gente (que eu gosto e respeito muito) às vezes parece que vai me enlouquecer.

Então resolvi fazer uma pesquisa entre minhas poucas amigas argentinas e amigos, também, para obter dados da fonte. O tema é encontros. Como se comporta o macho argentino e como se espera que a fêmea responda. De acordo com a opinião de todos, muito moderninhos, não existe regra. O rapaz convida a mocinha para sair e as coisas acontecem naturalmente. Ha! Naturalmente mas nem em sonho. Descobri que existe um código social bem definido no que tange conquistas, encontros e possíveis relacionamentos.

Começa como se não fosse nada importante. O rapaz dá atenção para mocinha, mas sempre de maneira comedida, sem demonstrar grande interesse. Aos poucos, vão se falando. Podem ser colegas de faculdade, do trabalho, amigos de amigos, etc. E é assim: se ele tem interesse em conhecer melhor a mocinha, vai convidá-la para um programa light. Talvez um café no fim da tarde, nada muito comprometedor. Passam algumas horinhas conversando, falando de seus interesses, tentando impressionar um ao outro, enfim, momento de mostrar o melhor de cada um (chamo de a hora da publicidade). Se o rapaz tem interesse, gostou da publicidade (e a mocinha também), vai ligar depois, passados alguns dias. Aí, já vem o convite para jantar, se há interesse genuíno. Bom, esse momento para mim ainda é um mistério. Ainda não consigo entender se a maneira deles é mais simples e descomplicada ou simplesmente rigorosa demais para uma brasileira. O fato é que se a moça é convidada para jantar, primeiro: espera-se que o rapaz pague a conta e, segundo: que passem a noite juntos!

Não estou julgando a maneira como os argentinos armam o jogo da sedução, mas sinto que tudo é muito previsível e sem espaço para criatividade, dúvidas, incertezas, desejo, enfim, todo espectro de emoções que faz parte da natureza humana. Talvez os brasileiros sejam realmente mais criativos e menos rígidos, talvez nossa cultura permita levar a pessoa por quem você se interessou para o aniversário de um amigo. Talvez permita que as pessoas se conheçam em ambientes diversos e nem por isso sejam classificadas de alguma forma. Por aqui conhecer alguém em um bar ou boate, significa que não é e nunca será uma relação séria. É possível que nosso jeito de ser, de olhar, de paquerar, demonstre que estamos mais dispostos a errar! Que nem todos os rapazes são desprezíveis porque não pagam o jantar para a mocinha e nem todas as mocinhas têm a obrigação de “pagar” de volta a gentileza, indo para cama com o mocinho…Claro que sempre existe a opção de dividir a conta, assim, pelo menos, a mocinha pode ter a opção de, no caminho para casa, mudar de opinião!

De qualquer forma, estou aprendendo a decodificar as manias argentinas. Confesso que me assusto e custo a internalizar esses códigos. Faço uma verdadeira campanha interna para não me conformar a esses padrões. Mas, e se para viver bem em terras estrangeiras a única maneira é dançar conforme a música? Ai, me dá medinho…quero ser quem eu sou, não somente perpetuar comportamentos porque é assim e ponto. Vou deixar aqui minha reflexão/desabafo. Como residente apaixonada, estou um pouco perturbada. Quem sabe eu esteja deixando que a venda da paixão aos poucos caia para de fato enxergar as coisas como elas são…

My thoughts21 Apr 2010 09:25 pm

Acho redes sociais interessantes. Elas te dão uma idéia do que os amigos andam fazendo, pensando, organizando. Há pessoas que se encontram através de redes sociais depois de anos, é uma espécie de trabalho social. Bom.

Mas, em alguns momentos me assusto com algumas coisas que encontro por lá. Já me declarei e continuo me declarando uma residente apaixonada, o que permite que eu me sinta ofendida com certos comentários e “posts” preconceituosos. Além disso, não se trata apenas de desrespeito com os argentinos. Sou contra qualquer tipo de desrespeito.

Enfim, vamos explicar a situação. Vi o link de uma propaganda brasileira sobre os argentinos e a Copa do Mundo e fui conferir. Na verdade a tal propaganda não é tão má ou preconceituosa assim. Mas, um link leva a outro que leva a outro e outro e eis que me vejo acessando as propagandas de uma marca famosa de cerveja brasileira. Que vergonha!!!! Verdadeira “verguenza ajena”. Sabe aquela sensação de “não acredito?”

Enfim, não sei porque e já expressei minha indignação aqui – Desabafo de uma residente apaixonada – os brasileiros precisam parar de usar os argentinos como piada. E mais, fazer piada é uma coisa, desrespeitar as pessoas é outra!

Está certo, escolhi viver aqui. É problema meu se não quero viver no Brasil, mas ainda assim não acho que qualquer pessoa tenha o direito de ofender a outra, seja por diferença de raça, religião, cor, nacionalidade, futebol, o que seja!

Fico pensando: será que sou a única? Será que me ofendo por pouco ou realmente as pessoas perderam toda a noção de respeito??? Pára, brincadeira tem limite!

Teaching15 Apr 2010 11:39 pm

Não é fácil, mas é muito divertido. Português é um idioma capcioso (aliás, adjetivo que merece um post à parte), como dizia minha antiga professora de portugues e por isso, todo cuidado é pouco. Preparar as aulas é essencial, estudar então, nem se fala. Principalmente depois de uma temporada medianamente longa em terras portenhas, já que vai ficando cada vez mais fácil misturar “lé com cré” e soltar um belo castelhano como se fosse uma expressão totalmente natural do português. Muito cuidado e muita atenção, o tempo todo.

Mas, para mim um dos grandes “baratos” de ensinar português é nos momentos em que me lembro de coisas do Brasil, costumes, jeitos, expressões que há tempos não usava. Nessas horas me dou conta da distância e do tempo, mas também de como é impossível se esquecer de certas coisas. Também é muito gratificante sentir-se “dono” do idioma, aquele que conhece miudezas que os alunos jamais imaginariam.

Numa dessas me lembrei da expressão “vai catar coquinho”. Dá para imaginar ensinar isso a um estrangeiro? É muito estranho e, ao mesmo tempo, muito divertido. Quando voc ê solta uma dessas o aluno te olha com cara de espanto, tem estampado na cara um enorme ponto de interrogação e você acaba morrendo de rir, em parte da sua memória e em parte da cara do aluno.

Expressões como esta te remetem a um tempo passado, incerto, mas marcante. Provavelmente descontraído, entre amigos, até mesmo ridículo. Não sei se alguém mais usa essa expressão, mas me lembro que eu sim*. De onde vem, eu realmente não sei, mas acho que é muito mais divertida do que “vai tomar banho” ou “vai ver se eu estou na esquina”. É muito pitoresca!

Bem, mas o mais divertido ainda estava por vir. Depois de uma  longa aula,  fiz um comentário qualquer para os meus alunos que já estavam de saída e um deles me responde: “Ah, vai catar coquinho!”

Quase não pude acreditar! Criei um monstro!

*Fiquei curiosa e fui conferir no Google se alguém mais usava essa expressão e, “tcharam”: 288,000 for “vai catar coquinho”. Não sou a única!!!

**E tem mais coisas exdrúxulas/ridículas/divertidas do português nesse mesmo sentido:

“Vai pentear macaco.”
“Vai enxugar gelo.”

É sério! A gente fala essas coisas!!!

***Agora traduzido!

A expressão completa é “vai catar coquinho na ladeira”, que em espanhol literal significa: “vete a cojer coquitos/coquillos en una cuesta.” Ha! Mas nem em sonho eu solto uma dessas aqui!

My thoughts12 Apr 2010 05:58 pm

Always dream and shoot higher than you know you can do. Don’t bother just to be better than your contemporaries or predecessors. Try to be better than yourself.
William Faulkner

Uncategorized28 Mar 2010 03:02 pm

Seguindo meu caminho de descobertas, pequenas aventuras culturais, riscos calculados no sábado à noite, fui ao teatro. Obviamente já havia ido antes aqui e justamente por isso estou ficando cada vez mais audaz! Não é fácil arriscar-se em certos ambientes culturais em um país estrangeiro. A proximidade com o artista que o teatro proporciona, os “cacos”, que em geral falam da cultura local, trazem informações muito específicas, expressões muito regionais, piadas internas, sotaque, tudo falado a alta velocidade, etc, podem gerar uma grande frustração ao expectador (eu!) . Enfim, ainda temia um pouco desperdiçar o momento e sair com cara de “tacho” enquanto todos saem morrendo de rir da apresentação ou comentando essa ou outra cena. Mas, depois de passar por duas peças teatrais tendo obtido uma compreensão bastante satisfatória, percebi que já podia arriscar mais.

Além disso, quem quer se inserir na cultura de um país precisa fazer um “tour” cultural intensivo. Quem se muda e deseja entender melhor o entorno não pode se dar ao luxo de não fazer um pouco de esforço para conhecer melhor as figuras emblemáticas da terra estrangeira. E não creio que seja aconselhável contar apenas com as impressões coletadas na rua, no trabalho, entre amigos. Conhecer a cultura local te leva a um nível de entendimento que abrange um espectro temporal muito maior. E é muito divertido! Ou seja, com 35 anos e apenas 1 ano de país novo, preciso fazer minha parte. Estou atrasada uns anos…

Então, com a companhia mais do que agradável de minha primeira amiga argentina, Nat, (detalhe: é sempre bom estar com um nativo nessas horas, não dá para entender tudo, sempre ajudam a esclarecer uma gíria, uma expressão idiomática). Fomos ver uma peça tranquila, uma representação de uma história escrita por Fontanarrosa. E aí entra o apronfundamento na cultura local. Em 1996, Ariel Palácios, um jornalista do Estadão que escreve em seu blog sobre a Argentina, conseguiu fazer uma entrevista com dois cartunistas fantásticos, Quino (Mafalda, lembram?) e Fontanarrosa (http://blogs.estadao.com.br/ariel-palacios/dois-deuses-do-olimpo-dos-cartuns-argent/). A entrevista foi publicada no blog em agosto de 2009. Eu, já “residente apaixonada” naquela época, mas ignorante confessa em inumeráveis assuntos locais, percebi que precisava, urgente, melhorar meu conhecimento sobre as figuras emblemáticas da minha cidade adotada.

Problema vai, problema vem, adiamentos, várias noites de vinhos e preguiça depois, finalmente: teatro. “El mundo ha vivido equivocado”. Diversão garantida, leve, agradável. Aprendi mais um “par” de expressões cotidianas do vocabulário argentino. Uma história de dois amigos que, numa noite de bar, imaginam como seria o dia perfeito. Claro, como bons argentinos, um faz o papel do positivo, seu dia perfeito é realmente perfeito. Já o amigo, tem que dar o tom de tragédia e decepção tipicamente argentinos. Um diálogo pontuado de “peros” (“mas”), em que fica exposta a dificuldade que algumas pessoas têm em se lançar, ainda que em sua imaginação, em um mundo perfeito. Mas com destreza narrativa e criatividade colorida, o amigo consegue levar seu medroso companheiro na sua viagem pelo dia perfeito. Simples, tem a ver com um paraíso tropical, praia, frutas exóticas (maracujá e goiaba!) e uma linda mulher, estrangeira e, óbvio, muita luxúria. Não se passa no Brasil, ainda bem! A genialidade fica por conta das expressões idiomáticas, as cenas que a descrição provoca e a simplicidade do que seria O Dia Perfeito!

Gostei. Não foi um mergulho profundo na cultura e muito menos na obra de Fontanarrosa. Somente molhei a pontinha dos dedos do pé, mas pelo menos essa água não é tão fria quanto a da costa Patagônia. Vou repetir e, provavelmente, molhar mais que os dedinhos…

Para ler em espanhol:

El mundo ha vivido equivocado

*de Roberto Fontanarrosa

—¿Sabés cómo sería un día perfecto? —dijo Hugo tocándose, pensativo, la punta de la nariz. Pipo me­neó la cabeza lentamente, sin mirarlo. Estaba abstraí­do observando algo a través de los ventanales.
—Suponete… —enunció Hugo entrecerrando algo los ojos, acomodándose mecánicamente el bigote, corriendo un poco hacia el costado el sexteto de tazas de café que se amontonaba sobre la mesa de nerolite-… que vos vas de viaje y llegás, ponele, a una isla del Caribe. Qué sé yo, Martinica, ponele, Barbados, no sé… Saint Thomas.
—¿Martinica es una isla? —preguntó Pipo, aún sin mirarlo, hurgando con el índice de su mano izquierda en su dentadura.
—Sí. Creo que sí. Martinica. La isla de Martinica.
Pipo aprobó con la cabeza y se estiró un poco más en la silla, las piernas por debajo de la mesa, casi to­cando la pared.
—Llegás a la isla —prosiguió Hugo—… Solo ¿viste? Tenés que estar un día, ponele. Un par de días. Entonces vas, llegás al hotel, un hotel de la gran puta, cinco estrellas, subís a la habitación, dejás las cosas y bajás a la cafetería a tomar algo. Es de mañana, vos llegaste en un avión bien temprano, entonces es media mañana. Bajás a tomar algo.
—Un jugo —aportó Pipo, bostezando, pero al pare­cer algo más interesado.
—Un jugo. Un jugo de tamarindo, de piña…
—De guayaba, de guayaba —corrigió Pipo.
—De guayaba, de esas frutas raras que tienen por ahí. Calor. Hace calor. Vos bajás, pantaloncito blan­co livianón. Camisita. Zapatillitas.
—Deportivo.
—Deportivo.
—Tipo tenis.
—No. No. Ojo, pantaloncito blanco pero largo ¿eh? No short. No.
Largo. Livianón. Bajás… Poca gente. Música sua­ve. Cafetería amplia. Te sentás en una mesa y… se ve el mar ¿No? Se ve el mar. El hotel tiene su playa pri­vada, como corresponde. Poca gente. Poca gente. No mucha gente. No es temporada. Porque tampoco vos vas de turismo. Vos vas por laburo. Una cosa así.
—Claro. —Pipo aprobó con la cabeza y saludó con un dedo levantado al Chango que se iba con una rulienta.
—Entonces ahí —Hugo estiró las sílabas de esas palabras anunciando que se acercaba el meollo de la cuestión—… a un par de mesas de la mesa tuya: una mina, sentadita. Desayunando.
—Sola —por primera vez Pipo mira a Hugo, frun­ciendo el entrecejo.
Hugo arruga la cara, dudando.
—Sola… o con un macho. Mejor con un macho ¿viste? Pero, la mina, te juna. Te marca. No alevosa­mente, pero, registra. La mina, muy buena, alta rubia, ojos verdes, tipo Jacqueline Bisset.
—Me gusta.
—La mina, poca bola. Marca de vez en cuando, pe­ro poca bola.
—Jacqueline Bisset no es rubia.
—¿No es rubia? ¿Qué es? Castaña.
—Sí, castaña, castañona.
—Bueno… Pero ésta es rubia. Remerita azul, pantaloncitos blancos. Cruzada de gambas, fumando. Ha­blando con el tipo, recostada en el respaldo del silloncito. Esos silloncitos de caña.
—¿Silloncitos de caña? ¿En una cafetería? —dudó Pipo.
—Bueno, no —admitió Hugo—. Uno de esos comu­nes. O como éstos —giró un poco el torso y pegó dos tincazos cortos contra el plástico de un respaldo—. Pe­ro con apoyabrazos ¿me entendés? Porque la mina es­tá estirada, así, para atrás, medio alejada de la mesa. Mirando al tipo, cruzada de gambas. O sea, queda de perfil a vos. Pero… ¿qué pasa?
—¿Qué pasa?
—La mina se aburre. Se nota que se aburre. El tipo chamuya algunas boludeces y la mina hace así con la cabeza —Hugo imita gesto de asentimiento— pero se nota que se hincha las pelotas.
—Y claro, loco…
—Entonces, entonces… —Hugo toca levemente el antebrazo de Pipo llamando su atención— Vos empezás a hacerte el bocho. Con la mina. ¿Viste cuando vos empezás a junar a una mina y no podés dejar de mirarla? ¿Y que entrás a pensar: “Mamita, si te aga­rro”? Vos te empezás a hacer el bocho. Claro, te ha­cés el boludo…
—Porque está el macho.
—No. Pero el macho no calienta. Porque está de espaldas. No te ve. No te ve. Vos te hacés el boludo por si la mina mira. Cosa de que no vaya a ser cosa que mire y vos estás sonriendo como un boludo, o que le hagás una inclinación de cabeza…
—O que se te esté cayendo un hilo de baba sobre la mesa.
—Claro, claro —se rió, definitivamente entusiasma­do con su propio relato Hugo, haciendo gestos elo­cuentes de refregarse la boca con el dorso de la mano y limpiar la mesa con una servilleta de papel—. No. No. Vos, atento, atento, pero digno. Tipo Mitchum. Ti­po Robert Mitchum.
—Bogart, loco. Vamos a los clásicos.
—Sí. Una cosa así. Fumando el hombre. Medio en­trecerrados los ojuelos por el humo del faso. Un duro.
—Sí. A esa altura yo ya estaría duro.
—También. También. Pero con dignidad —senten­ció Hugo—. Porque por ahí te tenés que levantar y te­nés que salir encorvado como el jorobado de Notre Dame y ahí se te va a la mierda el encanto. Cagó el atraque. No. Vos, en la tuya. Juguito, un par de sorbos vichando por encima de las pajitas ésas de colo­res…
—Los sorbetes.
—Los sorbetes. Una pitada. Mirando de vez en cuando al mar. Pero vos siempre atento a la rubia que balancea lentamente la piernita y a vos…
—A vos te corre un sudor helado desde la nuca…
—Desde la nuca hasta el mismo nacimiento de los glúteos. Y una palpitación en la garganta… ¿viste? como los sapos. Que se les hincha la garganta.
—Lindo espectáculo para la mina si te mira.
—No pero eso te parece a vos desde adentro —Hugo golpea con uno de sus puños contra su pecho—. No. Vos, un duque. Un duque. Y… ¿viste? ¿Viste cuan­do vos decís: “Viejo, si esta mina me da bola yo me muero. Me caigo al piso redondo” Y que medio agra­decés que la mina esté con un macho porque te saca de encima el compromiso de tener que atracártela. Pe­ro por otro lado vos decís: “¿Cómo carajo no me le voy a tirar, si esta mina es un avión, un avión?” ¿Vis­te?
—Típico.
—Pero vos, claro, perdedor neto, también pensás: “Esta mina, ni en pedo me puede dar bola a mí”. Por­que es una mina de ésas de James Bond, de ésas bien de las películas. Un aparato infernal. Digamos, todo el hotel es de las películas. Con piletas, piscinas, par­ques, palmeras, cocoteros, playa privada…
—Catamaranes.
—Surf, grones, confitería con pianista, negro tam­bién. Una cosa de locos. Entonces vos decís: “Esta mina no me puede dar bola en la puta vida de Dios”. Pero, pero…
—Al frente —indicó Pipo, con la mano.
—¡Al frente, sí señor! —se enardeció Hugo—. Al frente. Y por ahí, por ahí… el tipo se levanta.
—El tipo que está con la mina.
—El tipo que está con la mina se levanta y se pira. Le da un besito en la boca, corto, y se pira. A vos medio se te estruja el corazón porque pensás: “si el tipo éste la besó en la boca, es el macho. No hay duda”.
Pipo meneó la cabeza, dudando.
—Porque uno siempre al principio tiene esa espe­ranza —prosiguió Hugo—, “Puede ser el hermano”, piensa, “un amigo” “o el tío”, que sé yo…
—O una tía muy extraña que se viste de hombre.
—También.
—Una institutriz de esas alemanas. Muy rígidas —documentó un poco más su aporte Pipo.
—Claro. Claro. Pero cuando el tipo le zampa un be­so en la trucha ya ahí medio que se te acaban las po­sibilidades —Hugo se corta. Se queda pensando—. Aunque viste cómo son los yanquis. Se besan por cualquier cosa —aclara—. Ahí viene una mina y te da un chupón y es cosa de todos los días.
—¿Sí?
—Sí. Bueno, bueno. La cuestión que la mina se ha quedado sola en la mesa. El tipo se piró. Se fue. Y la rubia está en la mesa, mirando el mar. Balanceando la piernita. Y ahí te agarra el ataque. Ahí te agarra el ataque. ¡Está servida, loco! Sola y aburrida. Rebuena, para colmo.
—¡Qué te parece!
—Claro, primero vos esperás. Te hacés el sota y esperás. Porque en una de esas vuelve el marido. O el tipo ése que estaba con ella y es un quilombo. Enton­ces vos te quedás en el molde. Y te empieza a laburar el marote de que si te vas y te sentás con ella. ¿Qué carajo le decís?
—Y además la mina habla en inglés.
—No sé. No sé. Eso no sé —vacila Hugo.
—¿La mina no es norteamericana?
—No sé. Porque vos no la escuchás. Vos la viste que está ahí chamuyando con el tipo pero no escuchás en qué habla.
—Y… si habla en inglés te caga.
—Sí, sí —admite Hugo, turbado— pero esperá…
—Bah. Si habla en inglés, o en francés o en ruso, te caga.
—Pará, pará.
—Vos inglés no hablás, que yo sepa.
— ¡Pará, pará! —se enoja Hugo.
—Porque nosotros, acá, porque manejamos el verso, pero si te agarra una mina que no hable castellano…
—Oíme boludo. Pará. ¿Vos sos amigo mío o amigo de la mina? La mina puede ser francesa, por ejemplo, y saber un poco de castellano.
—O española —simplifica Pipo—. La mina es espa­ñola.
—¡No! Española no. Dejame de joder con las espa­ñolas.
—¿Por qué no?
—Las españolas son horribles. Tienen unos pelos así en las piernas.
—Sí, mirá la Cantudo.
—No, no —se empecina Hugo—, dejame de joder con la Cantudo. La mina es una francesa tipo, tipo…
— ¿Por qué no la Cantudo?
—Tipo… ¿Cómo se llama esta mina? —Hugo gol­petea con un dedo sobre el nerolite.
—Romy Schneider.
—No. No. Esta mina que canta…
—A mí dejame con la Cantudo y sabés…
—¡No rompás las bolas con la Cantudo! ¿Cómo se llama esta mina? —Hugo señala con el dedo a Pipo, ya cabrero— Mirá, el día que vos me vengas con tu día perfecto, muy bien, que la mina sea la Cantudo. Pero yo te estoy contando mi día. Además esta mina es rubia.
—Bueno —aprueba Pipo, reacomodándose algo en la silla—. La próxima vez que me cuentes tu día per­fecto, vos quedate con la rubia. Pero que la rubia esté con la Cantudo y salimos los cuatro. Así…
—Está bien, está bien —concede Hugo sin dejar de rebuscar en su memoria— ¡Françoise Hardy! ¡Françoise Hardy! Un tipo así.
—Tampoco es del todo rubia.
—Bueno, pero de ese tipo. De cara medio angulosa. Jetona. Más rubia, eso sí. Y con esa voz así… pro­funda.
—Oíme —cortó Pipo—. Si no la escuchaste hablar. Decías…
—La mina es francesa —se embaló Hugo—. Pero ha­bla castellano porque ha vivido un tiempo en Perú. ¿Viste que los franceses viajan mucho a Perú?
—¿Sí? —se interesa Pipo—. Se acomoda definitiva­mente erguido en la silla, gira y con un gesto pide otro café a Molina, el morocho, que está descansando con­tra la barra, aprovechando la poca gente de las once de la noche.
—Claro. Porque esta mina es una mina del jet-set. Una arqueóloga o algo así, que viaja por todo el mun­do.
—Una cosmetóloga.
—O dirige una línea internacional de cosmética. Una línea suiza de cosmética —sopesa Hugo—. O dise­ña moda. Habla varios idiomas. Y entonces habla cas­tellano con un acento francés, arrastra las erres…
—Como el dueño del hotel donde para Patoruzú —ejemplifica Pipo.
—Eso. Y tiene una voz profunda. Medio áspera. Co­mo Ornella Vanoni.
—Ajá, ajá. Me gusta —aprueba Pipo, dispuesto a co­laborar mientras se echa algo hacia atrás para permi­tir que Molina le deje, sin una palabra, un café, un va­so de agua, tire otros saquitos de azúcar junto al ceni­cero y apriete un nuevo ticket bajo la pata del servi­lletero.
—La cuestión es que la mina se quedó sola en la mesa, fumando —recupera el hilo Hugo— y vos estás ahí, haciendote el bocho, viendo cómo carajo hacés para atracártela. Para colmo todavía no sabés en qué carajo habla esta mina. Entonces, entonces, empezás a junar las pilchas, los zapatos, la remera, los ciga­rrillos que la mina tiene sobre la mesa para ver si di­cen alguna marca, algún dato que te bata más o me­nos de dónde es la mina. La mina llama al mozo. Pa­ga su cuenta. Vos ahí parás la oreja para ver si agarrás en qué habla, pero la mina habla en voz baja, como se habla en esos ambientes internacionales…
—Además la mina con esa voz profunda que tie­ne… —Pipo ha terminado de sacudir rítmicamente la bolsita de azúcar y se dispone a arrancarle uno de los ángulos.
—Claro. Agarra un bolso que tiene sobre otro si­llón y ahí… ahí… Primero… —se autointerrumpe Hugo— cuando se para, ahí te das cuenta realmente de que la mina es un avión aerodinámico. De esas mi­nas elegantes, pero que están un vagón. De ésas flacas pero fibrosas, ésas que juegan al tenis y que vos les tocás las gambas y son una madera. Entonces ahí, en tanto la mina se acomoda el bolso sobre el hombro y agarra los puchos y el encendedor de arriba de la me­sa…
—Los puchos son Gitanes —documenta Pipo.
—Claro. Los puchos son Gitanes y tiene ¿viste? ata­do a una de las manijas del bolso, un pañuelo de seda, fucsia. Bueno, ahí, cuando la mina se levanta. Se da vuelta. Y te mira.
—¡Mierda!
—Te mira ¿viste? —Hugo está envarado sobre la si­lla, tenso. Una mano en el borde del asiento y la otra sobre el borde de la mesa. Los ojos algo entrecerrados miran fijo en dirección a la ventana que da a calle Sar­miento—. Te mira un momentito, pero un momentito largón. Ya no es la mirada de refilón… eh… la mira­da de rigor de cuando uno mira a una persona que en­tra o que se te sienta cerca. No. No. Una mirada ya de interés. Profunda.
—Ahí te acabás.
—No. Vos… un hielo. Le mantenés la mirada. Se­rio. Sin un gesto. Como diciendo “¿Qué te pasa, ca­riño?”. Claro, por dentro se te arma tal quilombo en el mate, se te ponen en cortocircuito todos los cables. “Uy, la puta que lo reparió, no puede ser”, decís. “No puede ser. Dios querido”. Pero le sostenés la mi­rada hasta que la mina da media vuelta y se va para la playa con el bolso al hombro.
—Y… —se sonríe Hugo— ¿Viste cuando las minas se dan cuenta de que las están junando, entonces caminan un poquito remarcando más el balanceo? —Hugo osci­la sus propios hombros y el torso— ¿así? La mina se va para la playa, despacito. Matadora. Claro. Vos estás paralizado en la silla, tenés la boca seca y si te mandás un trago del jugo te parece que tragas papel picado. Cualquier cosa parece. Te zumban los oídos.
—Te sale sangre por la nariz.
—No. No. Porque ya te recuperaste. Ya te recupe­raste —ataja Hugo—. Y ya empezás a sentir ¿viste? Esa sensación, esa sensación, ese olfato, esa cosa… de la cacería. ¿No? Para colmo, para colmo —Hugo vuel­ve a poner su mano sobre el antebrazo de Pipo para concentrar su atención.
—Ahá…
—Para colmo, la mina llega al ventanal, todo vidria­do. Porque la parte de la cafetería que da al mar es puro vidrio —asesora Hugo—. Entonces cuando la mina llega a la parte de la puerta donde ya sale a la parte de playa, que hay una explanada y después está la arena, se para. Se para en la puerta, ¿viste? Como deslum­brada por el sol. Y mira para todos lados. Busca algo adentro del bolso con un gesto como de fastidio…
—Los lentes negros.
—Algo así. Lo que pasa es que la mina está aburri­da. Y en eso, antes de salir ya del todo, gira un poco. Y te vuelve a mirar…
—Ahh… jajajá… —ríe nervioso Pipo.
—¿Viste cuando de golpe una mina te mira y vos no sabés…?
—Sí. Si te mira a vos o a alguien de atrás.
—Claro, claro, eso —se enfervoriza Hugo—. Que vos te das vuelta para ver si atrás no hay otro tipo, qué sé yo. Como para asegurarte.
—Sí, sí —se vuelve a reír Pipo.
—Pero no. La mina te vuelve a mirar a vos. Ya no tan largo, pero…
—Está con vos.
—Está con vos.
—La mina siempre seria —casi pregunta Pipo.
—Ah, sí. Sí. Seria. Juna pero ni una sonrisa. Los ojitos nada más. No. No se regala. Digamos…
—Insinúa.
—Eso. Insinúa… Entonces, vos, llamás al mozo. ¿Viste? —se divierte Hugo. Hace voz afónica— “Mo­zo”… No te sale ni la voz. Tenés la garganta seca. “Mozo”. Firmás tu cuenta y ahí no más te mandás para la habitación. A los pedos.
—A la habitación.
—Claro. Porque vos ya viste que la mina se fue pa­ra la playa. O sea, la tenés ubicada y un poco la seguridad de que la mina se va a quedar ahí. Entonces vas a la habitación y te pones la malla, cazás una toalla. Una revista…
—Ah. Eso sí. Imprescindible. Un libro…
—Sí. Sí, sí. Un libro, una revista, cualquier cosa, para llevar debajo del brazo y salís rajando para la pla­ya cosa de que no vaya a aparecer algún otro y te primeree. Bajás y te mandás a la playa. Como siempre pasa, la primer ojeada que das, no la ves. Ahí te pu­teás, decís “¿Para qué mierda me fui arriba a cam­biar?”. Y te desesperás. Pero por ahí la ves que viene caminando, entre alguna gente que hay, tomando una Coca Cola que ha ido a comprar. La mina te ve pero se hace la sota. Se tira por ahí, en una lona. No, en una de esas reposeras y se pone a tomar sol. Medio se apoliya.
—Ahí te cagó.
—No. Bueno. Al fin te la atracás —sintetiza Hugo.
—Ah no. ¡Qué piola! —se enerva Pipo—. Así cual­quiera. Es como en esas películas donde un tipo dice “me voy a atracar a esa mina” y después ya aparece con la mina, charlando lo más piola, encamado. Y no te dicen cómo el tipo se la atracó. Que es la parte jodida.
—Bueno. Pará. Pará —contemporiza Hugo—. Vos te quedás vigilando. Ves por ejemplo que no hay ningún peligro cercano. Ningún tipo, algún tiburonazo co­mo vos que ande rondando. O hay algún tipo con su mujer que vicha pero se tiene que quedar en el molde pero además vos viste cómo son estas cosas. Los yan­quis, los ingleses por ahí ven una mina que es una bes­tia increíble y no se les mueve un pelo. Ni se dan vuel­ta. No dan bola. No son latinos. Entonces vos ves que no hay peligro cercano y planeás la cosa. Vos tenés una situación privilegiada. Estás solo. Tenés tiempo. Tenés guita…
—No como acá.
—Claro. Además ahí no te juna nadie. No hay que­mo posible. Entonces por ahí te vas un poco al mar, nadás, hacés la plancha. Y cuando volvés ves que la mina está leyendo. En la reposera, pero leyendo. En­tonces vos, desde tu puesto de vigilancia, ni muy cer­ca ni muy lejos, te ponés también a leer. Por ahí te dan ganas, ¿viste? —Hugo busca las palabras—, de lar­gar todo a la mierda, cazar un bote, alquilar un cata­marán y disfrutar un poco en lugar de andar sufriendo por una mina que por ahí… Pero claro, cuando la mirás y por ahí la ves mover una piernita, sacudir un poco el pelo rubio se te queman todos los papeles. Te hacés el bocho como un loco. Se te seca de nuevo la garganta.
—Venís muerto.
—Lógico. En eso la mina se levanta y se va para un barcito que hay en la playa, muy bacán. Ese es el mo­mento, es el momento… Lo que vos me pedías que te explicara.
—Claro —parece que se disculpara Pipo— porque si no, es muy fácil…
—La mina va, se sienta en un taburete, debajo de esos quinchos, ¿viste?, como de paja, cónicos, pero grande, porque ahí está el bar. Y vos vas y te sentás al lado. Ya sin hacerte tanto el boludo, ya, ya en la lu­cha. Y ahí vas a los bifes. Le preguntás, por ejemplo “¿usted es norteamericana?” En un tono monocorde, casi digamos, periodístico. Sin sonrisitas ni nada de eso. Ahí la mina te mira un momento, fijamente y es cuando…
—Te cagás en las patas —dictamina Pipo.
—¡Claro! ¡Claro! Porque ése es el momento cru­cial. Ahí se juega el destino del país. Si la mina se hace la sota y mira para otro lado. O dice “sí” caza el vaso y se alza a la mierda, perdiste. Perdiste comple­tamente. Pero no. La mina te mira, dice: “Sí”. “Sí ¿por qué?”. Y se sonríe.
—¡Papito!
—¡Papito! ¡Vamos Argentina todavía! ¡Se viene abajo el estadio! —Hugo se sacude en la silla— ¿Viste esas minas que son serias, que no se ríen ni de casuali­dad, pero que por ahí se sonríen y es como si tuvie­ran un fluorescente en la boca? ¿Qué vos no sabés de dónde carajo sacan tantos dientes? Una cosa… —Hu­go estira la comisura de los labios con los dientes de arriba tocándose apretadamente con los de la fila inferior.
—Como la Farrah Fawcett.
—Sí. Que es una particularidad de las modelos —asesora Hugo— Están serias, de golpe le dicen “sonreí” y ¡plin! encienden una sonrisa de puta ma­dre que no sabés de dónde la sacan… Bueno, la rubia te mira, te dice “sí ¿por qué?” y…
—Te da el pie.
—Claro. Te da el pie, para colmo. Entonces vos de­cís “permiso”, el barrio es el barrio, y te sentás en el taburete de al lado y entrás al chamuyo… —Hugo lle­va dos o tres veces el dedo índice de su mano derecha a la boca y lo hace girar hacia adelante como quien desenrolla algo. Pipo hace un gesto escéptico.
—Muy facilongo lo veo —dice.
—Lo que pasa es que la mina está con vos. Está con vos. La mina ya tiene decidido que te va a dar bo­la. No va a andar haciendo las boludeces de hacerse la estrecha o esas cosas. Es una mina que está en el gran mundo internacional y sabe lo que quiere. La mina va a los bifes. No se regala pero va a los bifes. Si le gusta un tipo le da pelota de entrada y a otra cosa.
—Eso es cierto. Esas minas son así.
—Entonces vos empezás el chamuyo. Ya tranquilo. Ya gozando la cosa porque sabés que la cosa viene bien, ya estás en ganador y medio que ya te estás ha­ciendo la croqueta pensando que te vas a llevar la ru­bia para la pieza del hotel y esas cosas. Ya entrás a disfrutar, ahí, vos, ganador. Garpás los tragos, tirás unas rupias sobre el mostrador al grone y te vas con la mina para las reposeras. La mina, claro, una bola bárbara. Y vos ves que los tipos te junan como di­ciendo “hijo de puta, se levantó el avión ése”. Pero vos, un duque, fumás, te hacés el sota y la ves caminar a la rubia adelante tuyo, en la arena, ahí, el pantaloncito ajustado y pensás “Dios querido ¡Y esta mina es­tá conmigo!”. Y bueno…
—Bueno —suspira Pipo, aflojando un poco la ten­sión. El peor momento ya ha pasado.
—En fin. Entonces escuchame como es la milonga. ¿No? La milonga del día perfecto. Al menos para mí. Primero, ahí, en la playa, con la rubiona. Un poco de natación, el mar, las olas. Alquilás un catamarán, te vas con la mina de recorrida. Y a eso de las seis, siete de la tarde, te mandás al bar y te das algún trago largo…
—Un ron Barbados.
—Puede ser. Puede ser. Fijate, fijate… —gesticula, calculador, Hugo—. Me gustaría más un gin-tonic. Un gin-tonic.
—Loco, eso pedilo en Mombasa, en algún boliche de ésos. Pero no te pidas un gin-tonic en un lugar así. Con esa mina…
—Grave error. Grave error. ¿Qué tomaban los tipos que aparecen en la novela de Hemingway, de ésas en el Caribe, Islas en el Golfo, por ejemplo?
—Bacardí.
—Bacardí ¡Y gin-tonic! Gin-tonic, mi amigo. Pero la cosa no es esa. No es que vos vayas a pedir tal o cual trago. No. La cosa es que no te des con algún tra­go que te tire a la lona. Tenés que tomar algo que más o menos sepas que te la aguantás. Algo que te achis­pe, que te ponga vivaracho pero que no te haga pelo­ta. Mirá si todavía que ya tenés la mina en casa te le­vantás un pedo que flameás o te descomponés y des­pués andás con diarrea, te cagás ahí en el lobby del hotel…
—Vomitás —se asqueó Pipo.
—Vomitás. Le vomitás las pilchas a la mina. Un asco. No. No. Por eso, por eso, pedís algo sobrio, que vos sabés que te la aguantás y que te ponga ahí, en el umbral de la locura para acometer el acto… el ac­to… el acto carnal. Además vos ves que el asunto viene sobrio. Sin espectacularidad. No te vas a pedir tam­poco uno de esos tragos que vienen adentro de un coco partido por la mitad, que adentro le meten flo­res, guirnaldas, guindas, que lo tomás con pajita. Eso es para las películas de Doris Day que todos bailaban en bolas al lado de la pileta…
—Doris Day. Qué antigüedad.
—No. Vos te pedís entonces un gin-tonic. La mina alguna otra cosa así. Ahí charlás un ratito. La mi­na muy piola. Muy bien. Muy agradable. Simpática.
—Muy bien la mina —certificó Pipo, como asom­brado.
—Sí. Sí. Una mina de unos 26, 27 años. No una pendeja. Casada. Bien en su matrimonio. Bien. Que sabe lo que está haciendo. La mina quiere pasar bien esa noche, y a otra cosa.
—Claro.
—Claro. Ninguna complicación. No es de las que te va a hacer un quilombo al día siguiente ni nada de eso. La mina sabe cómo son estas cosas.
—No. No se te va a venir a la Argentina tampoco.
—¡Nooo! ¡No! No es de ésas que agarran el teléfo­no y te dicen “Arribo a Fisherton mañana”. Y se te arma tal despelote. No nada de eso. Entonces…
—Entonces.
—Entonces, son como las siete, las ocho de la tar­de —el relato de Hugo se hace moroso— Te vas con la rubia a la habitación del hotel.
—¿A la tuya o a la de la mina?
—A cualquiera. Allá no es como acá que por ahí te agarra el conserje y no te deja entrar con la mina en la pieza. Allá no hay problemas. Te vas con la mina a la habitación. No. Mejor le decís a la mina que vaya a su habitación. Vos vas a la tuya y te das una buena ducha.
—Te sacás toda la arena.
—Claro, te sacás la arena. Los moluscos que te ha­yan quedado pegados. Y te vas a la pieza de ella. —Hugo hace un pequeño silencio contenido. Y bueno. Ahí, viejo ¿para qué te cuento? —sigue—. Te echás veinte, veinticinco polvos. Cualquier cosa.
—¿Veinticinco, che? —duda Pipo.
—Bueno… Dejame lugar para la fantasía. Bah… Te echás cinco, seis. De esas cosas que ya los dos úl­timos la mina te tiene que hacer respiración boca a boca porque vos estás al borde del infarto…
—Sí. Que ya lo hacés de vicioso.
—Claro. Pero que te decís: “Hay un país detrás mío.” No es joda.
—Muy lindo, che. Muy lindo —aprueba Pipo, que se ha vuelto a repantigar en la silla y manotea, distraído, el paquete de cigarrillos.
—No. No —le llama la atención Hugo—. No. Aho­ra viene lo interesante. Porque yo te digo una cosa. Te digo una cosa… eh… Pipo. Te digo una cosa Pipo: El mundo ha vivido equivocado. El mundo ha vivido equivocado. Yo no sé por qué carajo en todas las pe­lículas el tipo, para atracarse la mina, primero la invi­ta a cenar. La lleva a morfar, a un lugar muy elegante, de esos con candelabros, con violinistas. Y morfan co­mo leones, pavo, pato, ciervo, le dan groso al cham­pán mientras el tipo se la parla para encamarse con ella. Yo, Pipo, yo, si hago eso… ¡me agarra un apoliyo! Un apoliyo me agarra, que la mina me tiene que llevar después dormido a mi casa y tirarme ahí en el pasillo. O si no me apoliyo me agarra una pesadez, un dolor de balero. Eructo.
—Y eso no colabora.
—No. Eso no colabora —Hugo se pega repetidamen­te con la punta de los dedos agrupados en la frente—. ¿A quién se le ocurre, a quién se le ocurre ir a enca­marse después de haber morfado como un beduino? Es como terminar de comer e ir a darte quince vuel­tas corriendo alrededor del Parque Urquiza. Hay que estar loco.
—Sí. Es cierto.
—Por eso te digo. El mundo ha vivido equivocado. Yo no sé cómo hacían los galanes esos de cine que se iban a encamar después de comer.
—Es la magia del cinematógrafo, Hugo. Hay que ad­mitirlo.
—Pero en este día perfecto que te digo yo —pun­tualiza, orgulloso, Hugo— vos terminás de echarte los quince polvos con la rubia, te levantás hecho un duque. Te pegás una flor de ducha, cosa de quitarte de encima los residuos del pecado y ¿qué te pasa? Te­nés un hambre de la puta madre que te parió. ¡Lo­co! No comés desde el desayuno. Acordate que no co­més desde el desayuno que picaste alguna boludez. Y después no almorzaste porque un tipo que está de ca­cería no puede permitirse andar con sueño y hecho un pelotudo. Entonces, entonces… imaginate bien, eh. Prestá atención. Te empilchás livianito, la mina también. Ya es de noche, te has pasado cerca de tres horas cogiendo y la luna se ve sobre el mar. Está fresquito. No hay ese calor puto que suele haber acá. Ahí refresca de noche. Vos abrís bien las puertas de vidrio que dan al balconcito y desde abajo se escucha la música de una orquesta que es la que anima el bai­longo que se hace abajo, porque hay mesitas en los jardines, entre las palmeras y ahí los yankis cenan y esas cosas. Vos no. Vos como un duque, pedís el morfi en la habitación. ¡Imaginate vos! —Hugo reclama más atención de parte de Pipo— Vos ahí te sentís Gardel. Acabás de encamarte con una mina de novela. Estás en un lugar de puta madre, tenés un hambre de lobo. Sabés que tenés todo el tiempo del mundo para comer tranquilo. La mina es muy piola y agradable y no te hace nada, al contrario, te gratifica que ella se quede con vos después de la sesión de encame. No es de esas minas que después de encamarte tenés unas ganas locas de decirle “nena, ha sido un gusto haberte conocido; ahora vestite y tómatela que tengo un sue­ño que me muero y quiero apoliyar cruzado en la ca­ma grande”. No. La mina es un encanto. Entonces te hacés traer un vino blanco helado, pero bien helado de esos que te duelen acá —Hugo se señala entre las cejas— ¡Bien helado!
—¡Papito!
—Porque también tenés una sed que te morís. Te has pasado todo el día en la playa, bajo el sol. Y ade­más después de un enfrentamiento amoroso de ese tipo si no tenés a tiro un buen vino blanco pronto ca­paz que te chupás hasta el bronceador.
—La crema Nivea.
—Y ahí te sentás con la rubia —Hugo se arrellana en su silla, hace ademán de apartar las cosas de la mesita— y le entrás a dar a los mariscos, los langostinos, la langosta, algún cangrejo, con la salsita, el buen pancito. Pero tranquilo, eh, tranquilo… sin apuro. Mi­rando el mar, escuchando el ruido del mar. Sos Pelé. Sos Pelé.
—Alguna que otra cholga —aventura Pipo.
—Sí, señor. Alguna que otra cholga. Pulpo. Mucho pulpito. Y siempre vino ¿viste? Le das al blanco. Sin apuro. Ahí es cuando entrás a charlar con la mina de cosas más domésticas. De la casa. De la familia. Cuan­do ya no es necesario hacer ningún verso.
—Cuando ya te aflojás.
—Claro. Ese momento es hermoso. Entonces le contás de tu vieja. De tus amigos. Que tenés un perro. Que de chico te meabas en la cama. La mina te cuen­ta de su granja en Kentucky. Que le gustan los hela­dos de jengibre. Pero ya tranquilo. Estás hecho. Estás hecho. Porque si vos morfás antes de encamarte —vuelve a la carga Hugo—, por más que te sirvan el plato más sensacional y lo que más te gusta en la vida a vos no te pasa un sorete por la garganta porque te­nés el bocho puesto en la mina y en saber si te va a dar bola o no te va a dar bola. Comés nervioso, para el culo, te queda el morfi acá. La mina te habla de cualquier cosa y vos estás pensando “Mamita, si te agarro” y no sabés ni de qué mierda está hablando ella ni qué carajo le contestás vos. Es así. ¿Es así o no es así?
—Es así.
—Entonces ahí, después de morfar como un as­queroso, después de bajarte con la rubia dos o tres tu­bos de blanco, vos vas sintiendo que te entra a agarrar un apoliyo ¡pero un apoliyo! Sentís que se te bajan las persianas.
—Ahí es cuando uno ya se entra a reír de cual­quier pavada.
—¡Eso! ¡Claro! —se alboroza Hugo por el aporte de Pipo—, que te reís de cualquier cosa. Bueno, ahí, te vas al sobre. Sabés, además, que podés al día siguiente dormir hasta cualquier hora porque vos te vas, ponele, a la noche del día siguiente. Y te acostás con la rubia, ya sin ningún apetito de ningún tipo, sólo a disfrutar de la catrera. Te vas hundiendo en el sueño. Te vas hundiendo. Está fresquito. Entra por la ventana la bri­sa del mar. Oís el ruido del mar. Un poco la música de abajo…
Hugo se queda en silencio, mordisqueándose una uña. Casi no hay nadie en El Cairo. Pipo también se ha quedado callado. Bosteza. Mira para calle Santa Fe. Hugo busca con la vista a Molina, que está charlando con el adicionista. Levanta un dedo para llamarlo. Molina se acerca despacioso pegando al pasar con una servilleta en las mesas vacías.
—Cobrame —dice Hugo.

My thoughts25 Mar 2010 12:09 am

Acabei de chegar do show do B.B. King. Não sei o que a crítica argentina vai dizer amanhã, mas eu sei o que senti. Não posso falar da qualidade musical, da técnica, nem compará-lo com ninguém, simplesmente não tenho essa capacidade. Apesar de que para mim, sua banda de acompanhamento é um espetáculo! Enfim, trata-se do meu “feeling” e nada mais…

Mas, posso falar do ser humano, igual em qualquer idioma, de qualquer nacionalidade, qualquer cor, especialmente quando alcança a incrivel maturidade dos 84 anos… Posso falar do sentimento de despedida que pairava no ar. Em alguns momentos, quando ele dedilhava sua amada Lucille, parecia que o tempo parava. O fato de carregar 84 anos nas costas era totalmente irrelevante. Uma onda de satisfação era o que se sentia. Mas, ao conversar com a platéia, o que fez várias vezes, ficavam claras duas coisas: primeiro que para ele estar num palco é a coisa mais confortável e melhor do mundo e a segunda, que se tratava de uma grande despedida. Uma despedida do país, das pessoas, daquele palco, da América do Sul, desses momentos únicos vividos com milhares de pessoas como se fossem uma.

E as pessoas, além de extasiadas com a apresentação, do prazer de estar diante de um monstro do Blues, também compartilhavam essa emoção. Para mim e para muitos foi a primeira e última vez que o vimos ao vivo.

Pensar na morte, no fim, é sempre muito difícil. Encarar a despedida da vida, então, melhor nem começar. Mas como evitar se a matemática é infalível?

Passei uma noite extremamente agradável, recordando momentos, revivendo memórias de pessoas queridas, eventos importantes da minha vida que tiveram o bom acompanhamento do rei do Blues. Mudança de cidade, mudança de vida e, agora, despedida. Vai ser uma recordação para sempre. Mais uma marca nessa minha passagem pelo sul da América do Sul. Vai ser bom repetir as músicas ouvidas, vai ser muito bom lembrar que, apesar da despedida, ele me fez muito feliz. “It was fun, while it was fun…”

Trips and impressions22 Mar 2010 10:21 pm

B.B. King! When would I imagine such a pleasure? After tomorrow I´ll be watching him, listening to him and his guitar, Lucille.

84 years old!

The third best guitar player in the world!

15 Grammy Awards!

And more, much more.

All right, all right, he´s the king!

But having this opportunity makes me think about a lot of things. Not only how lucky I am for being able to attend his concert, but many other things that have to do with a person´s love for what she/he does, that age means nothing when you know what you want from life, and how much time and energy we waste just trying to please others and adapting to other people´s expectation. I truly believe that when there is respect for one self and one´s beliefs, everything changes. I don´t think life gets easier or that we can stop suffering, but there is a delightful feeling of self-satisfaction that no one else knows. Only people who are brave enough to take a deep look inside, open up for the new, fall down and stand up again know how delicious it is to take a look back and see that every little step meant a lot. I had already said that fear is not my friend. Of course, as time passes we begin to be a bit more cautions, or maybe, just a little “picky”. The thing is: I don´t care, never cared about what other people thought about my choices. Some were stupid. Others useless, but they all tell a story of inner search and fearless encounters with myself. I don´t deny some disappointment at times, a wish to give up and take the easy road (whatever that means!). A therapist once told me I think too much. I can´t do it differently! I can´t just live without thinking and reflecting and trying to understand why I am where I am. Sometimes I just know I have to go or stay. Sometimes it is just an impulse. But most of the time, I am what I think; I am what I listen to, the blues, the jazz…that´s the soundtrack of my endless search. Thanks for these amazing people who did what they had to do, who are who they are. The famous and the anonymous.

My thoughts12 Mar 2010 04:40 pm

É interessante ler a opinião de brasileiros sobre a Argentina. E também é impossível não cair nos clichés.

O primeiro deles é “só vivendo pra crer”. Digo isso do “alto” da minha experiência de 1 ano vivendo em Buenos Aires. De turistas brasileiros encantados com o câmbio a brasileiros que nunca tiveram o menor interesse em saber o que se passa por aqui, existe um grande abismo de informação. É uma pena!

Reduzir a relação entre Brasil e Argentina à famosa rivalidade futbolística é uma das grandes demonstrações de desconhecimento da realidade dos “vizinhos” do Brasil. E, como se não bastasse, os brasileiros estão se “mordendo de inveja” pela conquista do Oscar pelos “eternos rivais”.

Eu, como residente desta cidade de contrastes e surpresas, passei pela cerimônia e entrega do prêmio como a maioria dos argentinos: ficamos felizes, muito felizes e ponto. O que é difícil, talvez, de entender para um brasileiro ufanista-festeiro-invejoso…Nosso dia-a-dia é repleto de momentos complicados. São paralizações, manifestações, crise política interna, índices de inflação fictícios, aumento do preço da carne (da carne!!!), aumento de preços em geral, falta de confiança nas instituições políticas e jurídicas, aumento da violência, calor, chuva, inundação e, acima de tudo, bem acima de tudo, o terrível pesadelo argentino de se sentir sempre enganado por sua própria gente.

E por que isso? E daí? Daí que aqui ninguém está preocupado se o Brasil fez isso ou aquilo, se um filme brasileiro foi indicado ou não ao Oscar, se a Argentina vai ganhar a Copa do Mundo ou não. Aliás, ninguém aqui acredita na seleção do Maradona. O que o Argentino vê do Brasil é um país de alegria, de gente bonita, acolhedora, simpática, que sempre cresceu e continua crescendo. Um país de economia sólida, de planos de governo sérios, de políticos comprometidos. Um país de praias maravilhosas, de clima perfeito, de pessoas amáveis, de excelente astral, de grandeza e, por que não, de poder.

O sonho de muitos argentinos é morar no Brasil! A pergunta que mais escuto é: o que você veio fazer aqui??? Você tem algum problema…E posso dizer com muita segurança que eles adoram o Brasil, pois uma das coisas que mais faço aqui é dar aulas de português para argentinos entorpecidos pela beleza e magnitude do Brasil e sua gente. Alguém por acaso conhece outro lugar do mundo onde se possa levar uma vida digna ganhando dinheiro com aulas de português?????

Pra não dizer que não existe nem um pouquinho de rivalidade no futebol, eles fazem alguns comentários sim. Como por exemplo dizer, humildemente, que o Brasil já ganhou 5 Copas e que bem poderia deixar uma para eles. Mas que, infelizmente, eles entendem. O Brasil sempre joga melhor! Eles aceitam tranquilamente esse fato esportivo.

Quem está aí pensando “puxa, a Argentina ganhou o Oscar, tá melhor que nós”, podia dar um pulinho aqui. Aproveitar o câmbio e fazer um pouco de turismo cultural/político (e não passar todo tempo passeando e comprando tudo que encontra pela frente na Calle Florida). Talvez vendo e vivendo um pouco, possa entender que a Argentina, além de ser um país realmente grande (8o. maior país do mundo e 2o. da América Latina – perde para o Brasil) é parte de uma grande comunidade, da comunidade latina, de quem fala espanhol. Que aqui as pessoas se importam com o terremoto e a situação do Chile (e olha que de fato existe rivalidade histórica com o Chile, por ter apoiado a Inglaterra na Guerra das Malvinas!). Quem sabe até se anima a aprender espanhol para conversar de igual para igual com “los hermanos” e, quem sabe, já que “Deus é brasileiro”, pára com esse pensamento mesquinho de competição ridícula e valoriza um pouco mais as relações com os povos que estão tão próximos do nosso país (incluo todos países que fazem fronteira com o Brasil) . Tenho certeza de que a maioria das pessoas, além de levar um susto enorme, ficaria maravilhada em ver que o Brasil é tido como modelo de país em desenvolvimento!

Mas, se preferirem ficar por aí mesmo e continuar com dor de cotovelo, posso ajudar a aumentá-la: aqui não é só o cinema nacional que é valorizado, todas as artes têm espaço. Artes plásticas, literatura, dança, arquitetura, música, teatro…respira-se cultura em cada esquina do Centro (e outras partes da cidade também). E, pra completar, se não é gratuito, é acessível. Disso, o brasileiro deveria morrer de vergonha e não de inveja.

Uncategorized07 Mar 2010 06:29 pm

Helen Keller wrote,

“What we have once enjoyed and deeply loved we can never lose,
for all that we loved deeply becomes a part of us.”

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